Sobre escrever

O ato em si é solitário, mas o produto, o resultado necessita ser dividido; é coletivo por natureza.

Todos têm algo a dizer, histórias para contar, mas exteriorizá-las requer coragem e uma grande dose de persistência, de determinação.
Além disso, há o fato de você estar sempre competindo consigo mesma, o que faz com que, no meu caso, o bom nunca seja o bastante.
Durante o processo de criação do meu primeiro livro – Cindy, a Formiga Imigrante – muitas vezes fiquei acordada até tarde, enquanto a família dormia. Sempre tinha uma lapiseira, borracha e um caderno na bolsa, ao lado da cama, na gaveta no escritório. Tudo isso para ter certeza de que não perderia nenhum detalhe ou ideia. Afinal, nunca sabemos ao certo quando a inspiração vai se apresentar. A maior parte do livro, porém, foi escrita nos finais de semana, assistindo a meu filho jogar nos vários torneios de futebol de que ele participou no verão de 2006-2007. Entre um jogo e outro, inspirada pela beleza do verão canadense e as lembranças e saudades da minha terra natal, as palavras iam freneticamente saindo da minha cabeça e “populando” as páginas em branco do pequeno caderno. Muitos grafites e páginas depois, o livro tomava forma. Já se fazia necessário criar um sumário e iniciar a etapa de revisão dos originais.
Na fase final de criação do original, tive a ajuda e os palpites valiosos do meu marido e do meu filho. Tudo sempre ao calor da lareira, pois já estávamos no final do outono, começo de inverno no hemisfério norte. A nossa sala “da família” foi palco de conversas animadas, planos e sonhos compartilhados.
Concluído o original, ainda sem a certeza de que iria seguir em frente e publicar o livro, eu já sentia o prazer, a alegria de ter documentado essas histórias. Sonhar, colocar em prática e concluir um trabalho traz em si uma recompensa para qualquer pessoa.
Agora, “bora” exercitar o "quem conta um conto, aumenta um ponto", dividindo as histórias que me acompanham com as outras pessoas e aprendendo muito, sempre.